segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ata reunião PBH, lideranças, igreja e defensoria publica>







PBH mente em matéria publicada no DOM!


Ocupaçao Camilo Torres

Camilo, missionário rebelde
Com sagacidade, as ocupações dos sem-teto homenageiam os que despem-se dos seus confortos e poderes para um enfrentamento com os pedradores, na busca de soluções que aliviem os seus índices existenciais.Uma das ocupações brasileiras denominou-se Ocupação Camilo Torres, em MG, num terreno que pertencia à CODEMIG, transferido para o particular, em 1992, por um décimo do seu valor venal, num crime contra o patrimônio público, agravado pelo compromisso de um nunca efetivado empreendimento industrial na área.Durante a pendenga que até agora favorece os poderosos, indagações surgiram sobre o homenageado Camilo Torres, um nascido em 1929 e filho da alta burguesia da Colômbia. Seu pai era catedrático na Universidade Nacional da Colômbia, também servindo o país como cônsul, em Berlim.Após um semestre no Curso de Direito, Camilo ingressa, em 1948, no Seminário, ordenado padre em 1954. Enviado à Bélgica, estudou sociologia em Louvain, graduando-se em 1958 com um trabalho que analisava a gradativa proletarização de Bogotá.No retorno, foi nomeado capelão da Universidade Nacional, ali fundando uma Faculdade de Sociologia, principiando a ter problemas com o cardeal Luís Concha Córdoba, que logo o destituiria da capelania, impedindo-o de exercer quaisquer funções administrativas na universidade. Em 1965, pressionado pelo alto clero, a 27 de julho celebra sua última missa, quando escreve uma Mensagem aos Cristãos:"Deixei os privilégios e deveres do clero, porém não deixei de ser sacerdote. Creio que me entreguei à revolução por amor ao próximo. Deixei de rezar missa para realizar este amor ao próximo, no terreno temporal, econômico e social. Quando meu próximo não tiver mais nada contra mim, quando tenha realizado a revolução, voltarei a oferecer missa, se Deus me permitir. Creio que assim sigo o mandamento de Cristo: ‘quando levares tua oferenda ao altar, e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda sobre o altar, e vai reconciliar-te com teu irmão, e então volte e apresente tua oferenda’(Mt 5, 23-24). Depois da revolução, os cristãos terão a consciência de que estabelecemos um sistema que estará orientado para o amor ao próximo".Acusado se subversivo, coloca-se a serviço do Exército de Libertação Nacional, morrendo a 15 de fevereiro de 1966, em sua primeira ação guerrilheira. Até hoje, o exército colombiano não revela o destino dado ao seu corpo.Camilo Torres considerava que quem definia o caráter pacífico ou violento da sociedade não era a classe popular, mas a classe dos governantes. Guiado por um lema chamado "o amor eficaz para todos", sua ação era um convite para que "a próxima geração não fosse mais de escravos, mas de homens livres", tal e qual o caminho que o Cristianismo deveria perseguir.Camilo Torres buscava recuperar a esperança de milhões de párias, iguais aos moradores da Ocupação Camilo Torres, com seus trapos, farrapos, mulheres e filhos. Ele tinha consciência da expressão utilizada por Hans Kung: “uma igreja veraz não fornece ao homem receitas baratas para a vida particular e, muito menos, para a política mundial em suas diversas modalidades”. E assinaria embaixo o que escreveu, um dia, outro santo rebelde, Dom Hélder Câmara, amado arcebispo de Olinda e Recife: “o fenômeno do presente é que a juventude, com as várias Religiões, retém freqüentemente a impressão que existe medo, egoísmo, prudência excessiva da parte daqueles que carregam os títulos de líderes religiosos – já sem liderar”.Somente quando forem derribadas as máscaras que tornaram petrificadas as cúpulas das denominações cristãs, quando não mais persistirem o marasmo, a cultura de fingimento e os sepulcros caiados tão incisivamente denunciados pelo Homão da Galiléia, perceberemos a essência do proclamado pelo poeta Victor Jará, homenageando Camilo Torres: “Onde caiu Camilo nasceu uma cruz, porém não de madeira, e sim de luz".